A dor crônica, uma condição que aflige um número significativo de pessoas, apresenta uma prevalência notavelmente maior entre as mulheres. Estudos recentes indicam que cerca de metade das condições que geram dor crônica acometem mais o público feminino, um fenômeno complexo que transcende as explicações puramente biológicas. Embora fatores como a sensibilização e percepção da dor, influenciadas por diferenças hormonais, desempenhem um papel importante, a cultura e a sociedade exercem uma influência igualmente significativa.
A dor, uma experiência sensitiva, torna-se crônica quando persiste por mais de três meses, sem causa aparente, afetando cerca de 20% dos adultos. A predominância feminina nesse cenário tem sido objeto de investigação, com algumas explicações se destacando. A biologia oferece uma primeira pista: o estrogênio, hormônio predominante nas mulheres, aumenta a sensibilização à dor, enquanto a testosterona, presente em maior quantidade nos homens, exerce um efeito protetor.
No entanto, a dor crônica transcende a biologia. O impacto social da discriminação, vivenciado com maior intensidade pelas mulheres, gera hipervigilância e estresse crônico, elevando os níveis de cortisol e, consequentemente, a sensibilização à dor.
A dor crônica também se estende para outras esferas. A persistência da dor pode desencadear ou agravar quadros de depressão e ansiedade, perturbar o sono, afetar a autoestima e prejudicar os relacionamentos interpessoais. Dada a complexidade da questão, o tratamento integrado pode ser recomendado.